terça-feira, 13 de agosto de 2013

O Sol

Quando o sol, teimoso, insiste em esconder-se atrás das nuvens,
o mundo inteiro se entristece.
As rosas recusam-se a exalar seu perfume,
o coração do homem se embrutece.

Faz silêncio no mundo.
Tudo se escurece!
Não se escuta um só ruído...
Nem no bosque escondido,
nem na abobada celeste.

Valha-me Deus, o que do mundo seria,
se o sol não mais houvesse?
Então eis que surgem tímidos, os primeiros raios de luz.
A grande Gaia em êxtase agradece!

Jamais podemos privar-nos, de seus raios coruscantes.
Pois a vida acabaria e a morte surgiria a todo instante.
Se tragado fosse o sol, nas entranhas do universo,
Eu não estaria mais aqui, não redigiria estes versos!

Tudo morreria, tudo cessaria,
o mundo dormiria na escuridão mais profunda.
E a Terra então tornar-se-ia,
uma monstruosa aberração infecunda!

R.A.G.

Da Obra "Espelho Poético"
Todos os direitos reservados

O Viajante

Andei a caminhar sob a chuva,
anos seguidos de anos.
O céu estrelado como teto.
A mente apertada,mas o coração cheio de esperança.

Mentes atadas ao tempo,
Corpos ao sabor do vento.
Sensações perdidas na chuva,
dançando ao sabor do relento.

Vagando na esperança cega,
que ilude a mente e enche o coração.
Parado em frente a altares,
esperando uma côdea de pão.

Mas cães morderam-me a mão,
famintos que estavam os coitados.
Num ato de incomensurável bondade,
Atiraram-me trapos! Para aplacar o sangue...
Deus te abençoe meu irmão.

Sob o ar insalubre a barriga também inchou-se.
De fome.
E sob meus pés putrefatos, jazia a esperança que
um dia meu coração encheu.
Um tiro na cabeça foi tudo o que o destino me deu!

R.A.G.

Da Obra "Espelho Poético"
Todos os direitos reservados

O Necromante

A vagar a esmo pelo mundo foste condenando.
Ser errante, ser descrente.
É teu o mais pesado dos fardos.
Dentre todos os seres viventes.

Nascer do sol, cair da lua.
Brumas e trevas densas.
Ávidas para sugar tua alma.
Teu corpo, tua essência.

Cego pelo completo vazio de idéias,
paixões e pensamentos.
Devorado pela ausência total de lucidez,
razão e sentimentos.

Tragédia suprema em teus olhos,
Negação ascética do prazer.
Dança sombria em tua mente,
Devorado-te até a nervura do ser.

Alma cancerígena, engolfando-se em dor.
Despedaçada, antropozoomórfica!
frágil, porém, como reles pedaço de isopor.

Na eterna viagem da psique,
pelos labirintos do sub consciente.
A loucura serviu-lhe de funesto guia,
e dor, esteve sempre presente.

Nos ritos sinistros da necromancia, cresceu em ti, mordaz alergia,
por que tudo que na Terra nasce, cresce, e floresce.
Deixando-te divagando, a tua própria sorte,
mas enraizando em ti, ódio profundo pela vida.
Um louco apaixonado, um animal desnorteado.
Doente, exausto, completamente enebriado pela morte!

R.A.G.

Da Obra "Espelho Poético"
Todos os direitos reservados

Diário de um Morto

A dor foi minha companheira mais constante.
O amor, uma lembrança deveras angustiante.
Tristeza é tudo que exalo em meu semblante!
A morte, sorrateira, está mais próxima a cada instante...

Vivo a margem da emoção e da racionalidade.
Sou o mais completo exemplo da infelicidade.
Sim, sou um pária nesse mundo maldito.
Sou um ser amargurado, sou o filho proscrito.

E por incontáveis anos eu terei que sofrer...
Mas por que, se eu não pedi para nascer?
A dor e todos os seus flagelos torturam o meu ser.
Não há esperança, não há salvação,
apenas a morte, desponta como solução.

Mas até receber a bênção de sua graça,
Terei que caminhar por entre a desgraça.
Minhas chagas e feridas continuam expostas,
como se fossem as mais monstruosas obras,
concebidas pelo mais insano dos artistas.

Mas a sanidade é algo que não possuo mais.
Toda a beleza, emoção e razão também se esvaíram de meu corpo.
Sim meu amigo, você não está enganado,
isso que está lendo é mesmo o diário de um morto.

R.A.G.

Da Obra "Espelho Poético"
Todos os direitos reservados

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A Cada Madrugada eu Morro

A cada madrugada eu morro.
Vejo féretros, esquifes, ataúdes de ébano fino.
Ouço a morte tocando seu fúnebre violino.
Vejo tudo isso e corro.

Corro, corro, corro...
Mas estou sempre no mesmo lugar.
Dentro de uma floresta solitária e negra,
onde a túrgida luz da lua não é capaz de penetrar.

Horrorizado, percebo que estou só.
Terrivelmente só.
Para mim, não ha mais estames.
Apenas o riso frouxo de um destino infame,
que de mim escuto gargalhar sem dó.

Detenho-me.
Ouço agora ao longe o badalar de um sino.
Espero sentado.
Que se cumpra então o meu destino!
E dentro de um caixão sou enterrado sobre a terra.
Vivo!
Agora eu não mais corro.
A cada madrugada eu morro.

R.A.G.

Da Obra "Espelho Poético"
Todos os direitos reservados

A Árvore do Enforcado

Oh, álamo dos alamos, madeira de família ancestral.
Recebe este corpo em teus braços lúgubres.
E faze desta cerimônia fúnebre, a libertação de todo infindável mal!

Pois diante de um futuro ignominiado, infame,
a morte paradoxalmente, surgiu-me como o último estame.
Finda o tempo, finda tudo!
Finda a vida, finda o mundo!

Melancolicamente, as folhas caem sobre a relva outonal.
Desgraçadamente sou consumido em um horror abissal.
Ébrio de dor, engolfado pelas lágrimas de um pranto eterno.
Não ha alternativa, que não um esquife em um cemitério.

Meu corpo jazerá sem vida em tua madeira singela.
Como que um ser disforme, como um candelabro sem vela.
Que será depois consumida na teleológica fogueira,
que irá por fim a mais densa das trevas!

R.A.G.

Da Obra "Espelho Poético"
Todos os direitos reservados

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Tributo a Perfeição

Estranho sentimento que acomete o homem é a paixão.
Que faz, com que desejemos alguém sem aparente explicação.
E foi teu sorriso que em mim esse sentimento despertou.
E agora, a paixão transformou-se em amor, e de meu coração se apoderou.

Teu cálido e tenro sorriso despertou em mim sentimento há muito esquecido.
Amor! uma emoção deveras extasiante.
Algo que julguei em mim haver morrido.
Mais que renasceu!
Quando tive a honra de vislumbrar teu semblante...

Quando Deus criou as estrelas, foi em teus olhos que ele se inspirou.
Quando o mundo presenteou com a beleza, foi tua forma que ele observou.
E foi apenas observando tua feição, que o termo perfeição, ele cunhou.

Quando os primeiros raios da aurora encontram teus cabelos,
Provocam espetáculo na natureza sem igual.
Queria eu poder em minhas mãos te-los !
Mas reconheço: É honra demais para um reles mortal.

Todas os altares erguidos a ti seriam insuficientes.
Pois tua pureza é ainda maior que a de uma criança.
Apenas adorar-te já é para mim um presente.
Tua perfeição só é análoga a de uma Santa.

O mistério da criação encontrou em ti mistério ainda maior.
Qual a razão de tanta beleza em um único ser?
Que enigmas teu corpo envolvem que não consigo entender?

Não consigo e também não quero.
Para mim, amar-te já e o suficiente.
E mesmo que não me seja possível abraçar teu corpo quente,
ainda assim, meu amor por você, viverá eternamente.

Ao seu lado quero voar por entre as estrelas e, juntos,
escrever nelas nosso nome.
Quero saciar essa fome de amor que me consome.
Em meus olhos nos tornaremos imortais.
Em meu coração nosso amor viverá para sempre.

Na imensidão do tempo quero ao seu lado me perpetuar.
E junto a você, todos os desafios da vida enfrentar.
Na felicidade ou na tristeza, quero que você tenha sempre a certeza,
de que por toda a eternidade irei te amar.

E por todo o sempre, a cada raiar do dia,
irei olhar em teus olhos e sorrir.
E dizer, do fundo do meu coração,
o quanto você é importante pra mim.

R.A.G.

Da Obra "Espelho Poético"
Todos os direitos reservados

To One Far Away...